A Saúde Psicossocial no Trabalho e a Atuação do Psicólogo

NR1 E A IMPORTÂNCIA DA PSICOLOGIA
NR1 PSICOLOGIA

A Saúde Psicossocial no Trabalho e a Atuação do Psicólogo Frente à Atualização da NR1

O TRABALHO COMO ATIVIDADE ESSENCIALMENTE HUMANA

O trabalho não pode ser visto apenas como tarefa produtiva ou forma de obter renda. Ele é uma atividade humana fundamental, por meio da qual o sujeito modifica a natureza, se transforma e constrói sentido para sua existência. A visão reducionista, que entende o trabalho como ação apenas manual e fabril, ignora as dimensões subjetivas, culturais e sociais envolvidas. Hoje, compreendemos o trabalho como uma prática transformadora e estruturante da identidade. Eu, Juliana Galhardi Martins, como psicóloga, neuropsicóloga e perita, acompanho há mais de uma década profissionais de todas as áreas e de todos os níveis de desempenho.

FUNÇÃO PSICOLÓGICA DO TRABALHO

A função psicológica do trabalho vai além da mera subsistência. Ele tem papel central na constituição do sujeito, sendo mediador de sentidos e significados. Segundo Clot (2006) e Dejours (2016), o trabalho é campo de subjetivação, de projeção simbólica, e também de sofrimento quando as condições laborais são opressoras. O trabalho forma a subjetividade humana em seu entrelaçamento com o mundo social.

CENTRALIDADE DO TRABALHO NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE

O trabalho é uma das principais âncoras da identidade social. É por meio dele que o indivíduo adquire reconhecimento, pertencimento e sentido de utilidade. Os estudos de Dejours, Bendassolli e Yamamoto mostram que a identidade é abalada quando há desemprego, precarização ou invisibilidade da contribuição do trabalhador. Por isso, o trabalho tem centralidade porque estrutura o eu, gera interações sociais e se constrói subjetivamente em contextos compartilhados.

METAMORFOSES DO TRABALHO CONTEMPORÂNEO

O século XXI presenciou um profundo reordenamento das formas de trabalho. Terceirização, pejotização, uberização, plataformas digitais e contratos intermitentes configuram o novo cenário. A Reforma Trabalhista de 2017 intensificou o desmonte de direitos. Ao invés de garantir estabilidade e dignidade, o trabalho tornou-se fonte de insegurança, ampliando o sofrimento mental e social dos trabalhadores.

RISCOS PSICOSSOCIAIS E ADOECIMENTO MENTAL

A saúde psicossocial no trabalho é afetada por inúmeros fatores: excesso de cobrança, metas inalcançáveis, falta de apoio, ambientes tóxicos e ausência de sentido. A falta de apoio da chefia, colegas e clientes. Segundo a OMS (2022) e Chapadeiro (2025), o sofrimento mental no trabalho é agravado quando não há rede de suporte. Burnout, ansiedade e depressão são cada vez mais prevalentes.

NR1 E AS IMPLICAÇÕES PARA A SAÚDE MENTAL NO TRABALHO

Com a atualização da NR1 em 2020, os riscos psicossociais foram reconhecidos como componentes legais da análise de risco. Isso exige que as empresas identifiquem e previnam fatores que impactam a saúde mental. Contudo, como alerta Chapadeiro (2025), há o risco de culpabilização individual, sem alteração estrutural. O psicólogo tem papel decisivo ao garantir que os riscos psicossociais não sejam meros protocolos, mas elementos concretos de transformação do trabalho.

  1. O PAPEL DO PSICÓLOGO FRENTE À NR1

    A atuação do psicólogo frente à NR1 envolve:

    – Diagnóstico situacional da organização do trabalho;
    – Mediação de conflitos e escuta institucional;
    – Ações de formação e sensibilização de gestores;
    – Implementação de estratégias de vigilância e promoção da saúde mental;
    – Produção de documentos técnicos e relatórios psicossociais;
    – Interlocução com CERESTs e políticas públicas.

O CREPOP (2019) enfatiza que a psicologia deve atuar de forma crítica, interdisciplinar e comprometida com o bem-estar coletivo, visando transformar as condições que produzem sofrimento psíquico no ambiente laboral.

ESTUDO DE CASO: ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO FRENTE A UM CASO DE BURNOUT NO SETOR BANCÁRIO RELACIONADO À NÃO APLICAÇÃO DA NR1

Contexto:

Avaliada, 41 anos, gerente de relacionamento em uma agência bancária de grande porte, atuava há mais de 15 anos na empresa. Nos últimos três anos, com o advento de novas metas agressivas, ampliação da digitalização e redução do quadro de funcionários, ela passou a desempenhar múltiplas funções sem o suporte adequado. Além das metas de vendas, precisava atender clientes em situação de vulnerabilidade emocional e lidar com conflitos internos sem apoio da gestão.

Avaliada começou a apresentar crises de ansiedade, taquicardia, insônia e episódios de choro durante o expediente. Mesmo assim, sentia-se culpada por não “dar conta” do volume de trabalho. Procurou a GEPES diversas vezes, mas suas queixas foram minimizadas. Sem suporte, afastou-se pelo INSS com diagnóstico de Burnout. A empresa, apesar de estar submetida à obrigatoriedade da NR1, nunca realizou avaliação de riscos psicossociais nem ações de vigilância em saúde mental.

Atuação do psicólogo:
– Realização de entrevistas com a Avaliada e colegas, aplicando instrumentos validados para levantamento de fatores psicossociais (ex: COPSOQ);
– Análise crítica do ambiente organizacional bancário: metas inatingíveis, cultura da competitividade, falta de apoio social e pressão constante por performance;
– Emissão de parecer técnico e relatório psicossocial, estabelecendo o nexo entre organização do trabalho e adoecimento psíquico;
– Encaminhamento ao CEREST e articulação com a equipe do SUS para acompanhamento integral da trabalhadora;
– Condução de grupos terapêuticos com outros funcionários bancários afastados, fortalecendo a identidade profissional abalada e o enfrentamento do sofrimento laboral;
– Elaboração de proposta de intervenção institucional com foco na prevenção: ações educativas sobre saúde mental, rodas de cuidado, capacitação da liderança, e inserção de práticas de escuta institucional.

Resultados:
A partir da denúncia e do relatório técnico, o banco foi notificado e iniciou um programa piloto de saúde mental em parceria com entidades de classe. Avaliada foi reintegrada progressivamente, em uma função com menor carga emocional e maior autonomia. Seu caso se tornou referência para a criação de um comitê interno de saúde mental.

Este estudo de caso reforça que a atuação do psicólogo, aliada aos dispositivos legais como a NR1 e articulada às redes públicas de saúde, é essencial para transformar a cultura organizacional e garantir dignidade no ambiente de trabalho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A inclusão dos riscos psicossociais na NR1 é um avanço, mas exige compromisso ético, técnico e político para sua efetivação. A atuação do psicólogo é indispensável nesse cenário, não apenas no diagnóstico, mas na proposição de estratégias preventivas, educativas e transformadoras. A saúde do trabalhador não pode ser reduzida a indicadores numéricos — ela é expressão da dignidade humana no trabalho.

➡️ Clique aqui para agendar sua consulta OU perícia com a psicóloga Juliana Galhardi Martins

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

– Organização Mundial da Saúde. (2022). Saúde mental no trabalho. https://www.who.int/health-topics/mental-health#tab=tab_1
– Dejours, C. (2016). A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. 6. ed. São Paulo: Cortez.
– Chapadeiro, B. (2025). Diagnóstico e Promoção de Saúde no Trabalho. Módulo 3, Curso Saúde Mental e Trabalho. Multiplicadores de VISAT.
– Clot, Y. (2006). A função psicológica do trabalho. Petrópolis: Vozes.
– Brasil. Ministério do Trabalho. (2020). Norma Regulamentadora nº 1 – Disposições Gerais. https://www.gov.br/trabalho-e-emprego
– Conselho Federal de Psicologia (CREPOP). (2019). Referências técnicas para atuação de psicólogas(os) na saúde do trabalhador no âmbito da saúde pública. CFP.
– Han, B. C. (2016). Sociedade do cansaço. Petrópolis: Vozes.
– Jahoda, M. (1987). Psicologia social do desemprego. São Paulo: Ed. Pedagógica e Universitária.
– Yamamoto, O. H. (2019). Subjetividade, trabalho e sofrimento. Psicologia & Sociedade, 31.
– Bendassolli, P. & Gondim, S. (2014). Significados, sentidos e função psicológica do trabalho. Avances en Psicología Latinoamericana, 32(1), 131–147.

Para marcar consulta clique aqui

Para Marcar AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA clique aqui

Para aprofundar-se nesse assunto e obter orientações práticas, visite o site da Juliana Galhardi Martins, especialista em desenvolvimento pessoal e profissional.

avatar do autor
Juliana Galhardi Martins
Facebook
Twitter
LinkedIn
Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram
WhatsApp
Não copie, pois estará infringindo os direitos autorais de Juliana Galhardi Martins.
Você pode solicitar interesse de compra, licença e instalação.
pt_BRPortuguês do Brasil
Powered by TranslatePress